domingo, 4 de junho de 2017

Que resiste




É que metade de mim está a secar.
As veias,
os pulmões,
o coração.
O sangue mirra,
a alma seca.

É que metade de mim é ausência.
Um ramo que se foi soltando,
soltando,
até que quebrou.

E voou.
Partiu,
com a ventania do desencanto.

Ficou um silêncio espesso,
uma escuridão amarga,
que desaba dias de torrentes de chuva.
Ácida,
atravessada por uma lama escorregadia,
onde tropeça e se arrasta a outra metade de mim.

Que resiste.

BL

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