segunda-feira, 11 de março de 2019

No corpo da noite


Aqui ando repetindo monólogos
tentativas que caem dos dedos
como quem segue raízes
de sangue no interior do tempo.

Raramente são árvores vestidas de verdes
os monólogos.
Atravessam nomes e lugares de melancolia
ou paredes cobertas de passado.
Às vezes percorrem ruas que vivem intensamente a primavera
ou somente os silêncios que erram pela casa
a desembrulharem a vida
a hibernarem no papel.

BL
10.03.19

quarta-feira, 6 de março de 2019

Por uma vírgula

Suspender o tempo na vírgula
que quebrava o espaço.

Tomar a asa de fogo
incêndio do pensamento

saber-te sonho 
mar que me fosse cais
um punhado de terra que me fosse chão.

Em silêncio calaria a vírgula sem rosto
que separava o tempo.
A circunscrever o lado
mais aceso das reticências...

E as vozes alarmadas do vento
a galgarem as margens

como náufragos a revestirem o tempo
de bebedeiras que
morriam.

06.03.19