terça-feira, 22 de dezembro de 2020

Ensina-me um mar...


 


Se um dia me vires caída
sob a minha sombra
pergunta à vida
onde escondeu as pedras polidas
que não me deu. Nelas me deitei
regato e em manhãs
de pássaros voei um tempo
que nunca foi meu.

Rasguei no vento passos doridos
e às vezes dói-me
o frio dos rios
em poeiras da alma que o silêncio soprou.

Se um dia me vires caída
sob a minha sombra
acende luas no meu olhar
e nos teus olhos de água
ensina-me a vastidão de um mar
em que das pedras me perca
sem que me perca de mim.

BL

quarta-feira, 9 de dezembro de 2020

Paradoxos

 





Um inverno a atravessar o texto. Parágrafos vazios
ausência de vogais
a gritar silêncios.

A pele sedenta de espaços de neve branca ou de
papoilas quentes
a redimensionarem a vida.
E deuses pacientes
o coração tranquilo
na marginalidade do verso.

Tudo se reduz ao ruído de vendavais
à sinuosa curva sublinhada pela
dualidade dos caminhos.

BL