quarta-feira, 13 de junho de 2018

Somos feitos de barro

Ouço o teu nome pronunciado
e as minhas mãos estremecem. Atravessam
a indefinição dos contornos
os fascínios indizíveis.

A sedução da luz. E a linha trémula
a perder-se no interior da penumbra.

Somos feitos de barro.
Enquanto a praça adormece
e as vozes dos muros permanecem no sorriso dos deuses.

B.
13.06.18

sábado, 2 de junho de 2018

... e as árvores amanhecem

Carregamos nos ombros nomes e lugares
que entregámos ao silêncio. Neles
deixámos as verdades de olhares que se cruzavam
e memórias da cintilação de um estio.

Porque hoje já não existe claridade que se anuncie
dentro da sombra que a alma respira.
Para sacudir a noite
e deixar fluir a voz quebrada.

Olho as árvores a amanhecerem
e repouso os olhos cansados.

Porque hoje já não existe um tempo que atravesse
o equilíbrio da luz
e sorva a agitação do vento
a habitar-nos as mãos.

B.
01.06.18