sexta-feira, 16 de março de 2018

Se ainda nos violinos do vento...





Cobres-me de equações distorcidas
num adeus precoce
às pétalas delicadas
que se enchem de primavera
nas memórias que desenterro e este sol
quase perfeito
me faz passar entre os dedos.
Se ainda nos teus olhos
cintilam os nenúfares das tardes
que vêm de um outro tempo
dissolve o teu silêncio
nos violinos do vento
deixa que a minha mão agarre
a tua
e que o movimento
dos girassóis
te aponte
o caminho de volta
ao horizonte
da nossa rua.





BL

domingo, 4 de março de 2018

A parede em ruínas

São pedaços de nós
prolongamento dos nossos passos.
Voam por dentro do tempo
enquanto procuramos um olhar
na voz incerta do regresso dos pássaros.
Acordam nomes e rostos
que nos sagram os lugares e encandeiam
os crepúsculos.
Visão incendiada onde sobrevive
a velha ponte atravessada por enigmas e silêncio
na orla das orquídeas
que vivem no poema.

BL
02.03.18