domingo, 27 de abril de 2025

Uma pedra a repousar


 






Existe

nas entranhas do mundo

um rio adormecido

submerso na pele da terra

um murmúrio contido

o silêncio a respirar

na cadência imutável do tempo.



O vento não grita

sussurra

rasga suavemente o véu da inquietação

um olhar atravessado de sombras.



As árvores não dançam

em desespero. Dobram-se

num gesto antigo

acolhem nos seus ramos o peso indecifrável do céu.



E no intervalo entre o caos

e a pausa

no espaço onde o eco abdica de gritar

habita a tranquilidade

[ reflexo opaco no espelho do universo. ]



Há mares que se estendem além do olhar

vastidões de quietude infinita . Abraçam memórias

impronunciáveis

sussurram histórias

sem pressa.



É densa a serenidade do instante

uma pedra a repousar

no centro da alma

a vibrar

na essência do horizonte.






BL

27.04.25





Sem comentários:

Enviar um comentário