segunda-feira, 14 de abril de 2025

Sombras de um poeta


 








Todas as casas têm raízes

que não quebram.

Afundam-se

órfãs

na pele do silêncio

como se fossem sombras de um poeta

[desses que sangram versos sobre as pedras

a desenharem asas onde há ruínas

cantando por aqueles que são esquecidos

os que perdem os nomes

e a caligrafia pálida do tempo.





Todas as casas respiram o vazio.

Ecoam

mudas

na noite aberta



enquanto o amor

com olhos fechados

tateia a ausência

e dissolve o fogo nas veias.



Todas as casas escrevem sem mãos.

Gravam

cegas

histórias sobre o vento

por não saberem caminhar sozinhas

por não lembrarem a cor dos passos perdidos

[só a loucura do poeta é memória sobrevivente da vida inteira:

mas de olhos cerrados

quanto é real?






BL

02.04.25










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