Todas as casas têm raízes
que não quebram.
Afundam-se
órfãs
na pele do silêncio
como se fossem sombras de um poeta
[desses que sangram versos sobre as pedras
a desenharem asas onde há ruínas
cantando por aqueles que são esquecidos
os que perdem os nomes
e a caligrafia pálida do tempo.
Todas as casas respiram o vazio.
Ecoam
mudas
na noite aberta
enquanto o amor
com olhos fechados
tateia a ausência
e dissolve o fogo nas veias.
Todas as casas escrevem sem mãos.
Gravam
cegas
histórias sobre o vento
por não saberem caminhar sozinhas
por não lembrarem a cor dos passos perdidos
[só a loucura do poeta é memória sobrevivente da vida inteira:
mas de olhos cerrados
quanto é real?
BL
02.04.25
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