quarta-feira, 23 de abril de 2025

Travessia

 







Uma cidade longínqua

já escassa

vai-se despindo por dentro

desfaz-se no amanhecer

semi-dormida.



Respiro a aragem extinta da noite

sou célula

pulmão



artérias que se dissolvem

na penumbra.



Sou o silêncio no horizonte

ecos do tempo em cada esquina

passos dispersos na poeira dos dias

rosto esquecidos em janelas abertas.



Sou destino

cruzo mares.

Levo na pele a marca da travessia

[ o sal colado à memória ]

orla de instante

que nunca se fixa.



Sou vaga

sou sombra



vertigem

e despedida



o regresso do vento

e das palavras não ditas.





BL

23.04.25







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