sábado, 19 de abril de 2025

Nos intervalos das horas

 








Conduzo os meus passos

num curso de horas sem voz

ecos do silêncio

de um tempo que não me pertence

[ que nunca escolhi

e me persegue ]



As sombras arrastam-se

no ventre do vento que murmura a partida

[ refazem-se numa brisa antiga ]

escondo nas palavras as arestas

de uma luz esquecida.



Sobra um fogo que persiste

um brilho discreto à margem dos dias

um lampejo rebelde que ousa ainda respirar.



Os céus pesam de ausência

e a noite desenrola-se sem promessas.



E escrevo. Sílabas de asas trémulas

onde sou inteira

[ por detrás dos dias imóveis ]

tecendo nos intervalos das horas

um mapa de regresso à pele que me envolveu.













BL

19.04.25










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