terça-feira, 22 de abril de 2025

No voo solitário dos pássaros

 







No reverso do vento

existem sopros de ecos inconfessos

como se o silêncio devorasse o canto dos corvos

e

em cada folha de outono

rasgasse a fenda invisível entre a saudade e o grito.


Caminho por linhas fragmentadas

onde a luz vacila

hesitante

manchando de sombra o rosto do tempo.



No reflexo das águas antigas

renascem vozes que morreram

cartas jamais enviadas



flores a sangrarem cores

que o esquecimento não consome.



O tempo dobra-se sobre si mesmo



e eu

desdobrada sobre ele

sou presença e sou distância


sou voo



onde tudo o que sou

se perde

e se refaz.









BL

22.04.25







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