segunda-feira, 12 de junho de 2023

… ou tão-só um poema

 


E no vento

o que ficou da terra ardida

um coração de neblina

um corpo carregado

de regressos


ou tão-só

o frágil instante das ausências

o indefinível de nós.


Semeio a cor

sob as ardências

vertiginosas do verão


sob os fragmentos de horas circulares


inexoravelmente lentos

inevitavelmente sós.


Recolho na palma da mão

o silêncio gritante das esperas


talvez apenas o voo hesitante

de náufragas sílabas


ou tão-só

a memória de um tempo invisível que parou


inatingível


dentro de nós.





BL

07.07.13







Sem comentários:

Enviar um comentário