quarta-feira, 13 de agosto de 2025

Ainda assim

 




De onde venho
senão da ausência que me pariu
do silêncio húmido entre dois suspiros
do ventre do tempo anónimo?
 
Nasci
talvez
de um pensamento não pensado
de um erro humano

ou de uma vontade teimosa
de existir.
 
Por aqui
procuro

sem bússola
 
o centro da ausência
a ferida inaugural.
 
Sou palavra entreaberta
a dúvida cravada entre costelas

sou o que resta
quando tudo arde

e
ainda assim
sobra lume nos olhos.
 
Vou
quem sabe
ao encontro de mim mesma
antes de saber-me.






BL
13.08.25







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