quarta-feira, 20 de agosto de 2025

Quando o tempo é abrigo

 







O tempo é casa
com portas que rangem
e janelas que guardam
o cheiro dos dias.

 

Tem paredes gastas
onde encosto a memória
e um sótão
cheio de silêncios empilhados.

 

Há quartos
onde ainda mora a infância
e corredores
onde ecoam passos que já partiram.

 

O tempo é casa
e eu sou hóspede
de mim mesma.

 

Às vezes arrumo
as gavetas do passado
ou deixo o presente
a secar na varanda.

 

Mas nunca saio
sem deixar
a luz acesa.





BL

20.08.25






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