sexta-feira, 8 de agosto de 2025

Atrás do vento

 




Há tardes que me chamam
com vozes de outra época.


Nos cantos da memória
espreitam risos

e passos

que foram apagados

na calçada.

 

O tempo não leva tudo.
Deixa marcas

nos vidros das janelas
reflexos de mim quando ainda

 

corria atrás do vento
e acreditava no calor das promessas.

 

Hoje

guardo em silêncio
esboços preteridos
como quem conserva retratos desbotados.

 

E

mesmo sem saber voltar

ardo em lembranças

que ainda perfumam o ar da tarde.

 



BL

08.08.25



 

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