domingo, 5 de outubro de 2025

Excesso

 




Há dias em que o corpo
não cabe em si.
Estica-se
dobra-se
mas continua a sobrar.

A pele guarda
o que não foi nomeado
como se cada poro
fosse uma sílaba retida.

 

O toque pesa.
O gesto falha.
O corpo quer ser abrigo
mas é ruína.

 

Aprendi a respirar
como quem tenta conter
um mar dentro de um copo.

 

Há memórias que se alojam
nos ossos
há saudade que se esconde
na curvatura dos ombros.


E por fim
quando tudo se reduz a um tremor
sei que o corpo não é limite.


É excesso.
Excesso de desejo
de dor
do invisível que molda o que somos.





BL

05.10.25









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