Acendes o
candeeiro da sala
mas a luz não chega
ao fundo dos teus olhos.
As fotografias
tortas na estante
sorriem com dentes de papel.
E tu
finges que não ouves
o ranger da madeira
sempre que te sentas
no sofá da infância.
finges que não ouves
o ranger da madeira
sempre que te sentas
no sofá da infância.
Lá fora
o portão enferrujado ainda geme
com o vento
como se chamasse por ti.
Mas tu não vais
não atravessas o jardim seco
nem pisas as folhas
que guardam os passos
que não deste.
Ficas
na penumbra do corredor
onde o tempo se dobra
como lençóis esquecidos.
E pensas que
ninguém repara
pensas que és invisível
mas até o silêncio
te denuncia.
Essa casa que (não)
habitas
já não te pertence
foi-se com os verões
em que corrias descalço.
Agora só restam
paredes que te olham
e um espelho
que já não devolve
o teu rosto.
BL
25.10.25
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