sexta-feira, 3 de outubro de 2025

Os vãos da memória

 



Tudo o que não se conclui
permanece.


Como o gesto que não se deu
como o voo que falhou
mas deixou rasto de vento.

 

Os vãos da memória
são espaços habitados
por tudo o que não coube no tempo
por tudo o que não se disse
mas se escreveu no corpo.

 

E tu
que escutas o silêncio
sabes:
há beleza no que não se resolve
no que se cala
há linguagem
há presença no que se ausenta.

 

Este é o lugar.


Aqui

entre o sal e a sombra
entre o voo e a queda
entre o louco e o lúcido
a poesia respira

como quem vive entre mundos.





BL

03.10.25





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