quinta-feira, 31 de julho de 2025

Escuta-me

 





escuta-me
só tu
na vastidão que existe entre
a tua voz e o gesto esquecido dos dias.

 

Pedro e Inês…
sempre tão perto da distância
como quem atravessa séculos
no sopro inquieto da memória.

 

a brisa levanta palavras
desfaz versos

antes de nascerem
e os dedos

rebeldes

escrevem
com a febre de quem ama demais.

 

[meu amor…
um voo interrompido na garganta das aves
um murmúrio que o mar recusou
um adeus que ainda não se pronunciou.]

 

há palavras que se escondem
na covardia do tempo
esperando que tudo
se alinhe

num gesto irrepetível.

 

alguns dias

os barcos desacreditam o horizonte
e os amantes

exaustos
deixam páginas em silêncio
com sangue de todas as promessas escritas.

 

o que resta é isto:
a margem
a sombra da voz
e o poema que se desfaz no vento.







BL

31.07.25







1 comentário:

  1. [meu amor…
    um voo interrompido na garganta das aves
    um murmúrio que o mar recusou
    um adeus que ainda não se pronunciou.]

    outro amor...
    uma armadura ao desgaste das eras, imbele...
    uníssono cântico, etéreo, abrasivo, fulgor
    que arrepia um universo inteiro na pele
    com sangue de todas as promessas de amor.

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