quinta-feira, 3 de julho de 2025

Sem destinatário





 

É neste quase-nada

que o corpo reaprende o peso da sombra

o frio da espera

a vertigem de escrever

sem destinatário.



Memórias estilhaçam-se

num tempo interior

que pulsa no silêncio.



Reza-se uma oração

sem fé



apenas para não esquecer a voz.



A espreitar um universo suspenso

entre o instante

e o infinito.



Escavam-se camadas

de uma luz imóvel



num ritual

de existir

entre escombros.





BL

03.07.25







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