Não tenho
destino.
Sou feita de desvios
de frases que se perdem nas travessias
como sementes lançadas ao vento
sem garantia de solo.
A linguagem é
minha bússola partida
cada verso um incêndio provisório
a iluminar só o suficiente
para tropeçar no próximo silêncio.
Recuso
coordenadas.
A dor não obedece a geografias.
O amor não conhece rotas fixas.
Escrevo porque
não sei dizer.
Porque o mundo me exige
uma resposta que não aprendi a dar
senão em metáforas quebradas.
Não prometo
lógica.
Sou naufrágio com consciência
maré que escolhe afundar
todas as certezas que lhe ofereçam boia.
E mesmo assim
persisto.
Rabisco sobre a pele do tempo
como quem tenta lembrar o nome da luz
antes que ela se apague.
A minha voz não
tem endereço.
É errância
é voo sem asa
é rasgo de sombra à procura de lugar.
Se me encontram
não é porque cheguei.
É porque alguém reconheceu
o som da ausência.
BL
27.07.25
E mesmo assim
ResponderEliminarpersisto.
Rabisco sobre a pele do tempo
como quem tenta lembrar o nome da luz
antes que ela se apague.
Todo poema muito bonito, mas este trecho me atingiu com força.
Bom domingo, BL.