Rasguei
a ausência
com dedos lentos
como quem
se despe do tempo.
Aprendi a pele
na
fricção suave dos dias
mesmo os dias que sangravam.
Aquele verão tinha margens de sal
e procurávamos terra
em bocas
de fruta
sem polpa
sem perdão.
Tu eras voo
entre raízes.
Eu
um mapa
sem norte
a tropeçar em sombras verdes.
Hoje
somos silêncio em trânsito.
O teu
olhar
promessa aérea
o meu
corpo
véu em combustão.
Neste
lado da memória
o sol pisca palavras quebradas.
E a
borboleta
imóvel
e sábia
murmura
nomes esquecidos
sem idade
e sem língua.
No outro
lado do tempo
a tarde escorre
como
rio que não sabe
onde começa o mar.
BL
11.07.25
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