quarta-feira, 18 de outubro de 2023

Canção de outono

 





Como se um pólen de verão

se entregasse ao silêncio

ou gemesse baixinho as sombras

mais densas

a anunciarem a noite.


A folhagem

frenética

dança uma última canção.


Evoca memórias de incêndios

sobre palcos invisíveis

atravessados de ventos

ou de chamas.


Exausta

despede-se da voz dos pássaros

cai delicadamente

a transportar o sol poente.


Como se a luz se recolhesse

breve e mansa

ao fim do dia.


É somente a espuma desvanecida

da vida

o cansaço das árvores

adormecidas

no futuro adiado

do poema.




BL

outubro/23




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