terça-feira, 24 de outubro de 2023

O rio onde me invento

 







É lento, é lento

o rio onde me invento

entre o silêncio do verso

e os afagos

de vultos resguardados no tempo.


Escrevo livros fechados ao longo de margens

sem regresso


e enquanto procuro imagens de sóis

nas pedras em que tropeço

decifro a indiferença das águas

e habito barcos em mares que desenho

para lá do horizonte.


E neste rio de outono em que a folha cai

e em asas se sustém

e flutua


só o vento compreende os pássaros

que demandam o sul e transportam

a chama do instante

na sede do seu canto.




BL





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