Em boa verdade
eu não soube decifrar os
signos
que me enviavas numa flor
ou numa pedra
ou num montículo de
sementes
de onde destacavas aquela
que
_ dizias_
talvez fosse minha
um dia.
Dizias-me palavras leves
[ às vezes lamentos de
violinos ]
e os meus olhos despidos
a entrarem crédulos
dentro do teu tempo.
O teu tempo.
Oculto num labirinto de fascínios e credos transitórios
cárcere de medos e
silêncios
a estruturarem
(des)afetos.
Sei agora de um
equilíbrio volátil
consumido em marés
vazias.
Quando deslizavas as mãos
pelas paredes comprimidas
por uma imensidão
de verbos que te
devoravam o passado
e te asfixiavam o futuro.
E tudo se atravessa nesta
folha morta
nestes parágrafos
sedentos da intimidade de
uma crença construída
em janelas viradas à
claridade do Universo.
Este poema poderia ser
uma prece.
Porque este poema é como um
rio a fluir desordenadamente
é a fuga para além do
olhar
para além do ruído que
corrói os lugares
e os nomes
e os nomes
e a verdade do teu mundo intocável
onde o meu coração
permanece.
BL
30.08.17
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