Ainda me procuro naquele silêncio arrastado
que o vento levanta. Mas os meus olhos estão gastos
deles sobram apenas as raízes
e a luminosidade baça
que atravessa a vidraça
e arredonda o vazio da sala
repleta
de uma fumaça em dó maior
a pontilhar os móveis
que (no fundo) já lá não estão
também eles querem ser
desmemória.
Então invento um refúgio
num chão
feito de um não-tempo branco
[ onde também eu perdi a cor ]
e de portas trancadas por dentro
que me asfixiam
na dor.
E naquele silêncio arrastado que o vento levanta
há ecos de passos
que passam sem passar
e fogem fogem fogem
e deixam uma voz
que na brisa me avisa
_ Antes ser pó
esquecimento e cansaço
no meu descompasso
do que ser laço lembrança
veludo ou aço
na árvore em que não sou
nem folha nem sombra da vossa história.
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