domingo, 30 de julho de 2023

Entre-tempos

 










Em mim se entrelaçam todas as melodias do mundo

na trajetória de uma brisa que ilude as solidões

no véu de luz que transporta.


Cerro os meus olhos para entender

os silêncios

matizando as cores

repartindo as verdades entre as minhas folhas

entre os meus frutos

acompanhando o azul e o sol que lhes moldam as estradas.


Gravo nas palavras a fragilidade dos instantes

os vidros quebrados tocados pelo vento

sem saber como se sai

desta inaptidão da alma

onde a chuva me açoita

e grita 

e sucumbe

quando articula o meu nome.


Sento-me na orla do tempo

como quem sopra memórias em dentes-de-leão

e invoca dias claros

para desfolhar a recontagem dos silêncios.




BL
10.09.11






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