segunda-feira, 15 de março de 2021

A geografia do vento

 




Escrevo.

As tuas palavras descem em silêncio

refúgio navegável

a planar como aves que não morrem. Os olhos

inteiros

nus como alma que nos abraça

o sorriso derramado na pele

música

luz.


E eu a atravessar um corpo em fuga

um tempo forrado de silêncio.

Tropeço em medos

acuso-me de sílabas transgressoras.


Decomponho os instantes

no avesso de todos os vendavais

diluídos numa aguarela de foz sem nascente.


Escrevo.

Escrevo-me

num tempo de pretéritos.

Em que não existe a ponte de regresso

à iluminada geografia do vento.


14.03.21

BL



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