quarta-feira, 24 de março de 2021

Uma herança de sol


 

Esquece-se de existir

e

árvore vagarosa

recolhe

dorida

os equívocos que das tempestades advêm.


Desenha o seu nome nos pilares da casa

e neles

escreve poemas que lhe permitem cozinhar

nos dias

uns pedaços de luz

ou o tempo chuvoso

das horas.


Habitua a vida

ao sorriso da melancolia


abre a porta

ao silêncio da rua

e caminha no interior da primavera.


Dá a volta ao mundo

e volta para dentro

num regresso em desalinho.


Em voz baixinha

resta-lhe semear uma herança de sol

e reter as cores voláteis à superfície dos olhos.


 24.03.21

BL



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