sexta-feira, 5 de março de 2021

A mecânica das coisas




Saiu igual como num dia de sempre

noite de insónia

os olhos em nada

a vida sem remédio

apagada.


A portada da janela entreaberta

na penumbra o espaço sem contornos

a multiplicação de sons de longe

o zumbido da ilusão

de outras páginas.


Empurra os gestos do regresso

sabe de cor a porta a chave

as luzes a mecânica das coisas.

Decalcadas.


Silêncio.

A voz não cambaleava.


Saiu só. Às voltas. Às voltas.

Sem nada. Mais.


BL

05.03.21



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