Anoitece
a folha onde escrevo,
sustentáculo de dias de água
e primaveras dissimuladas,
vazios ambíguos, preenchidos
por hipóteses
ou intuição.
Talvez um espaço,
num tempo de permeio,
antes do agasalho da memória. Quando a voz,
ainda rouca,
oscila entre a aproximação
do olhar
e o silêncio do gesto entrelaçado
da palavra.
Indistinta, no voo indecifrável
das imagens,
demoro o corpo na ramagem
liquefeita
e fico à espera. Hei de recolher a manhã
nas minhas mãos.
BL
É no agasalho da memória que nós poderemos encontrar o sustentáculo dos dias de água, recolhendo as manhãs nas nossas mãos.
ResponderEliminarBelíssimo poema, como tantos outros aqui. Que talento.
ResponderEliminarLuminoso!
ResponderEliminarRealço:
"Talvez um espaço,
num tempo de permeio,
antes do agasalho da memória.
Um beijo
Anoitecem os versos pousados em cansadas mãos que aguardam, sempre aguardam, a manhã
ResponderEliminarBelo
Bjo.
... e assim se constrói um poema
ResponderEliminarque desponta
e desvenda
madrugadas
Belo
Leio-a há já muitíssimo tempo sem que me atrevesse a deixar nota de meu (enorme) agrado. Trata-se de uma poesia madura onde as metáforas são genuínas e belíssimas.
ResponderEliminarVou linkar o seu blog, se me permite.
Bem haja
Mel
Um belo poema para ler, reler e contemplar...
ResponderEliminarDeixo beijos!