Passa por mim uma brisa fria
na beira do fim
e eu deixo-me ficar.
Desconcentram-se as sílabas ditas
param até de inspirar
e eu deixo-me ficar
só.
Escorre o mundo
pela planta dos meus pés
desnuda-me a desimportância das coisas
e eu deixo-me ficar.
Fecham-se os olhos
secos
porque secaram todas as gotas
da água que circulava em mim.
A pele move-se
desliza
como se quisesse transcender
os limites da memória
em que a obrigo a viver.
E eu
só
deixo-me ficar
no silêncio
do filamento quebrado
dos grãos de areia
onde enterro os dedos.
Escrevo na terra palavras sós
e sinto o ar a passar entre as unhas
e a minha liberdade.
Pode ser que em cada nova letra
a história comece de novo
a respirar.
E eu consiga então
não me deixar ficar
só.
BL
triste, melancólico, mas muito bonito! Tenho a certeza que a história, um destes dias, voltará a respirar...
ResponderEliminarProfundas são as águas que nos envolvem, dissimuladas são as linhas que nos conduzem...
ResponderEliminarA tua poesia é francamente inspiradora!
Beijo :)
Bonito apesar de triste, mas também a tristeza tem uma beleza subtil que a alma reconhece.
ResponderEliminarBjs
Inclinam-se os planos e os versos
ResponderEliminarDobram-se os silêncios nos medos
Desnudam-se frias silabas em asfixiadas palavras
E Eu?
Pode ser que o verso seja regresso.
Intimo e denso
Belo
Bjo.
Tenho lido o que escreves, sem nada te dizer. Não porque não queira, mas porque não sei explicar-te o quanto a tua poesia me toca e diz o que sinto, e não saberia nunca dizer.
ResponderEliminarAdmiro-te!
Sim, é isso. Hoje queria dizer-te isto!
Um beijinho e obrigada.
Bela esta melancolia.
ResponderEliminarMuitas palavras nos traz por vezes o silêncio.
Olá Brígida,
ResponderEliminar"Escorre o mundo
pela planta dos meus pés
desnuda-me a desimportância das coisas
e eu deixo-me ficar"
Ficar leve,livre e sem o peso do mundo... Caminhar no sentir,
que contacte com a essência da vida em instantes...
Muito bela e profunda a tua poesia.
Gostei muito de ler-te!!
Bj.