O tempo encosta-se
ao meu corpo
devagar.
Já não dói
pesa
somente
como um nome esquecido.
Os passos desfazem-se
antes de tocar o chão
e o eco
[ se ainda existe ]
aprendeu a calar.
A luz não ilumina
afaga.
Tomba sobre mim
como mãos que não sabem despedir-se.
Há uma morte que não chega
mas ocupa o espaço
entre o meu olhar
e o mundo.
A despedida vem sem rosto.
Acontece dentro de mim
um desfiar lento do que sou.
Não há corte
apenas ausência a escorrer pelos dedos.
Algo se molda em silêncio
no outro lado do instante.
Tudo o que fui perde contorno.
Tudo o que vem ainda me desconhece.
E aqui
neste intervalo do quase
sou pele
a desaprender a memória.
BL
19.06.25
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