sábado, 6 de junho de 2020

Recolho os verbos de todos os poemas

E fico à espera que um dia
a tua voz chegue da lonjura do olhar
ou um pássaro voe atravessado de luz sobre a minha pele.

Em ti existirão as sobras de um abrigo
a melodia em ruínas
a estridência do que não foi dito.

As palavras serão matéria da noite
nuas como a alma
guardadas em mim como sussurros dos teus passos
a entardecerem nos versos.

No turbilhão da vertigem
recolho os verbos de todos os poemas
pedra definitiva
consentidamente perdida na cegueira do erro.

BL - 13.05.20

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