sábado, 30 de setembro de 2017

A palidez de um tempo irrecuperável


Acena-me de novo
aquele olhar que suspendi no tempo.

Nada me resgatará das palavras omissas
eu sei
hoje sei

de asas que envelhecem.

Mas deixa-me reajustar a palavra e reinventar
o tempo

deixa-me seguir o verso
ainda que seja um murmúrio da água que me pousa nas mãos

ou o nada que resta dentro dos nomes em que me desdobrei.

Sobro-me num corpo translúcido
perfil de árvore
a guardar silêncios debaixo da pele.

O tempo a ser

às vezes

uma luz fragmentada
frágil
por dentro do silêncio.


Recolho a flor
na cicatrização da luz
num mundo atravessado por portas fechadas
e espaços em branco.

E as sílabas a serem interrompidas no interior do olhar.

Irreversivelmente.



BL
30.09.17

Sem comentários:

Enviar um comentário