Nada me trará as horas
de ambrósia e mel
soltas nas margens
de um rio sem tempo
labirintos de pele
em que perdida de mim
o fogo me prendia
e eu existia.
Uma estrela cadente rasga-me a memória
e acende-me a dor do fogo das águas.
Na margem que é minha
procuro um abrigo
no espanto esquecido
do rio que passa.
Na margem que é tua, a alvura da noite
derrama luares, perfumes, sabores.
Nada me trará as margens
de um tempo sem horas
nas dunas desertas
da margem que é certa.
Ensaio um sorriso e a margem que é certa
envolve-me e devolve-me
o sorriso perfeito
e é com ele que te digo
que esta noite o meu sorriso
irá dormir contigo.
BL
17.05.10
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