terça-feira, 29 de agosto de 2023

Margens

 




Nada me trará as horas

de ambrósia e mel

soltas nas margens

de um rio sem tempo

labirintos de pele     

em que perdida de mim

o fogo me prendia

e eu existia.


Uma estrela cadente rasga-me a memória 

e acende-me a dor do fogo das águas.


Na margem que é minha

procuro um abrigo

no espanto esquecido

do rio que passa.


Na margem que é tua, a alvura da noite

derrama luares, perfumes, sabores.


Nada me trará as margens

de um tempo sem horas

nas dunas desertas

da margem que é certa.


Ensaio um sorriso e a margem que é certa

envolve-me e devolve-me

o sorriso perfeito

e é com ele que te digo

que esta noite o meu sorriso

irá dormir contigo.



BL

17.05.10








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