terça-feira, 22 de junho de 2021

Andrajos


 



Colho os frutos do chão

a carne já está oca

e sob o sangue do sol

levo-os à boca.


E no rio que em mim corre

deserdado e desnudo

mato as dores e a fome

beijo o céu e a terra

em andrajos de fogo

e de selva.


E entre os meus leitos submersos

enterro sem mapa

o meu gesto

de ser pássaro.


BL


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