Inscrevo os olhos no círculo do tempo
e amaino os ventos
que confundem as palavras.
Desenho auroras de risos claros
como rotas de mel
sobre as fendas que crescem na verdade dos rostos.
Ouso encher de borboletas incertas
os bolsos vazios do poema
algures entre um voo desamparado
e o coração fértil
que me prende à terra.
Mas são de sal e silêncio os barcos
que me estendem as mãos.
No outono do mar sou a sede melancólica
e indizível
um ocaso entediado
no movimento anónimo do corpo.
Corpo anoitecido de sombras e naufrágios
canto de esperas desajeitadas
no dorso noturno das águas plácidas
que me navegam.
BL
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