sábado, 14 de novembro de 2020

Pássaro de todas as estações

Foto de J. Luz

 


 

O som do desterro cala-me

a voz


e o silêncio entranhado

nos versos

afia as arestas do pensamento

disperso entre veias de

ventos e de inglória bonança.


As palavras pararam porque

o tempo sucumbiu

no pretérito imperfeito das memórias


e nas praças ateiam-se incêndios

a clamarem a ilusória mutabilidade dos corpos.


Selaram as portas

e os rostos explodem desamores.


Longe

muito longe

transporta novembro o meu olhar de outrora

pássaro de todas as estações.


BL


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