quarta-feira, 1 de julho de 2020

Teias de palavras sem-abrigo




Nunca as horas foram tão breves
nunca os dias se fecharam tão cedo
contornos da noite
chuva baça
sem regresso.

As linhas do tempo sustidas
pelo desalinhamento dos ciclos
e as cores que incendeiam a tela
destroços de rostos
ao longo do silêncio do verso.

As mãos erguem as memórias
retêm o rumor do tempo. Prolongo-me
pelas copas das árvores
sopro apagado das pedras
e de aves caídas
arremesso.

Nunca os dias foram tão breves
e as horas compassos distorcidos
teias de palavras sem-abrigo
retrocesso.

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