Esta manhã é uma claridade cinzenta. Talvez por isso
sejam cinzentas
ou mesmo invisíveis
as sílabas que sobram
da ausência da voz.
Nos olhos
um insondável cenário de argila
a urgência de um afago do tempo
com o sabor transparente das palavras.
Tudo o que resta
são ecos exaustos das águas estáticas
de um mar desarticulado
onde reúnes a travessia do mundo
nessa densidade dispersa no centro de ti.
Mas p’ra lá das margens do corpo
existe ainda algum sol
entre o pousio das marés.
Na libertação do silêncio
quando as memórias tocarem as coisas simples
em que tu e eu éramos apenas nós os dois.
BL
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