Segues agora por dentro de um sonho de cal
a deslizar-te na pele, como a luz de uma
manhã de bem-me-queres
que fosse só tua.
Atravessa-te um tempo quase maduro
nascido de minúsculas flores que fixas,
uma a uma, num chão de palavras d’água,
murmúrios de silêncio e solidão.
Às vezes, somos dois, em olhares
de monossílabos ou cortantes arestas
de um plano desfocado onde enquadras
as lembranças.
Hoje, somos um, na infindável repetição
do take one de um filme rasgado pelo guião
em pedaços mil,
ou no retorno a um dimensão temporal
circular e inquebrável.
BL