Existe no meu voo um instante inconfesso.
Morde o vento
arranha as águas adormecidas
de um mar que existe dentro de mim. Esta dor
extensa
[não extinta]
ou o acorde de piano que me leva a
atravessar o mundo. Placidamente.
Às vezes
os meus olhos são esse instante.
Como fogo
ou como chuva
como o fundo da memória
onde o silêncio se cala
e acorda as vozes que estão vivas
que vão e vêm do meu tempo de menina.
Os meus olhos a vibrarem
o ar quente a tocar o meu corpo
e a passar por cima do mundo. A transportar
aquilo que é importante.
O ar parado
o tempo quieto
e eu a ouvir a tua voz a dizer os nomes
das coisas importantes.
A tua voz a ser meu lugar.
BL
08.05.22
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