Os bolsos cheios de berlindes
às cores
de palavras
e de dores.
Não utilizava a palavra
em zonas de argumentação.
Cheio de silêncios
baixava o olhar
a procurar um grão
de culpa alheia
ou de solidão
para sacudir das pernas das calças
ou das solas dos sapatos.
Sem traçar planos
saía para captar um plano
que guardaria
na gaveta do esquecimento.
Entrelaçava o tempo
em mágoas
e o que não teria de fazer.
E os berlindes às cores
à beira do abismo.
No vidro da mesa o reflexo da queda
a fuga.
Sem crença de salvação
a queda ficou à espera.
BL
05.01.25