Já tive uma rua inteira
aberta
cheia da luz de domingo
e uma porta deslumbrada
por onde essa luz entrava
completa.
Tinha também um rio
que passava ao pé da porta
de águas mansas e frescas
onde a vida se espelhava
e o meu corpo suspirava
pelo brilho de domingo
das flores
e das borboletas.
E nos meus olhos de mar
sorria a pureza do mundo
cabia um céu de gaivotas
[até deus tinha um lugar]
dentro dos meus olhos de mar
ao domingo.
Já não tenho nada
já não quero nada
já não sei o meu lugar
já não sei se há domingo
nem mesmo se quero o sol
a nascer detrás da noite
a ofuscar o luar
em cada madrugada.
BL
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