Nunca sei se é sobretudo o medo
ou o choro da noite
aquilo que sobressalta
os fiapos de luz por onde
indecisa
se vai movendo a madrugada.
Por dentro da espessura
da chuva
a rua
é um tempo de cicatrizes
renúncias humedecidas no chão
de vidas imaginárias
máscaras
mandatárias de histórias
que não são as suas.
Ajusto o corpo aos contornos das palavras. Abrigam-me
algures
nos vidros da janela
e acrescentam ao silêncio
que me sobra
o sonho
[ou desengano
das molduras de afetos
[e de ausências
que me cabem dentro dos dias.
BL