sexta-feira, 4 de julho de 2014

Num fio de palavras [des]convocadas


 
Levamos o tempo fechado no olhar

como se gritássemos sombras silenciosas

paradas no esquecimento.

Através dos corpos emudecidos

passam os dias turvos de ausências

e de solidão.



E ao redor da casa envelhece

uma tranquilidade baça

por onde se afundam os gestos vagos

a sucumbirem na fuga.



Convoco o vocabulário

da ressurreição

a plena vastidão do amor

para dentro das imagens



mas sei apenas de um quase nada

sempre que viro a página

e o rio reflui e me engole



[ ou me adia ]



e a linguagem da pele quase não passa.



BL

13.06.14



 

2 comentários:

  1. Por vezes os rios
    também se cansam de correr

    Bj

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  2. Convocar o verso como forma de auto-restauração
    Talvez seja esse o processo primeiro da poesia

    É sempre bom ler-te

    Bjo.

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