quarta-feira, 18 de junho de 2014

Escrevo pontes dentro de mim


Debruço-me sobre o rio e escrevo

pontes dentro de mim.

Penso em nós

límpidas palavras de água a tocarem-nos os rostos

caminhos invisíveis

a transporem as margens.



Na ponta dos meus dedos, o rio

é voo impossível onde me abrigo.

Viagem inconfessa do coração dos pássaros.



Deixo-me tocar pelo silêncio das horas

e tudo chega e existe junto de mim.

Repouso os olhos cansados

nos barcos demorados na espiral do poema.

Canções antigas. Fascínios que dormitam.



Desarrumo as memórias pelo céu.



É necessário partir

e anunciar as sementes da manhã.



BL

06.06.14

4 comentários:

  1. É no silêncio das horas que as mais belas poesias surgem! abraços

    ResponderEliminar
  2. A ponte. A margem. O silêncio. O voo impossível... Ganhar asas porque "é necessário partir". Um belo poema.
    Beijo.

    ResponderEliminar
  3. É necessário partir para descobrir o que está dentro de nós, de que matéria somos feitos...
    Gostei particularmente, Brígida!

    Beijo :)

    ResponderEliminar